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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O dia em que os super-heróis decidiram descansar

Se os comentários da população de uma cidade fossem um grande jornal, a manchete maior naquela quente manhã de sábado diria que a praia estava habitada por pessoas muito estranhas. Eram nossos heróis com trajes de banho, que resolveram tirar um dia de folga.

Batman não queria mais saber de ordem e paz, queria apenas muito sol na cuca e areia nos pés. Já o Super-Homem entrou no mar de óculos, no melhor estilo Clark Kent, pois não queria ser reconhecido.

Do outro lado, a Mulher-Maravilha disputava com alguma heroína qualquer a atenção de He-Man, encostado em um quiosque tomando uma “gelada”, mas She-Ra com ciúmes do irmão ficava de olho não deixando ninguém se aproximar.

Cada um estava no seu canto e para animar a situação que estava começando a ficar monótona, o Changeman fez o que sabia fazer melhor: mudanças. Propôs que todos largassem o que estivessem fazendo e desafiou-os para uma corrida na orla em direção aos rochedos que ali estavam estabelecidos. Quando lá chegassem, teriam que escalar as rochas, e uma vez no topo, seria o campeão.

O Homem-Aranha foi alertado que teria de escalar como todos, sem usar truques com teias, do contrário seria desclassificado, assim como The-Flash, caso resolvesse acelerar mais do que o normal na hora da corrida.

Depois de muito bate-boca ficou tudo acertado. Quando Jaspion estava quase dando a largada, um grupo de crianças veio correndo e gritando em direção a eles:

– Rápido, nos ajudem! – gritava o menor de todos. – Um garoto está se afogando!

– Isso está me cheirando a pretexto para puxar conversa – sugeriu o malvado Pingüim, que fora até a praia de penetra.

– Não é verdade! Não o escutem! Vocês precisam nos ajudar.

– Nunca pensei que diria isso, mas concordo com o Pingüim – disse Batman. – Hoje não queremos desculpas e nem motivos para contatos com humanos, estamos de folga.

– Mas vocês têm que vir. – disse um rapazinho em tom ameaçador. – Senão o garoto vai morrer.

– Hoje não, jovenzinhos – um Power Ranger bateu de frente. – Se fosse amanhã tudo bem, mas esse sábado é nosso dia de folga.

– Eu não posso acreditar nisso – suplicava uma garotinha.

– Sinto muito, mas, NÃO! – gritaram todos em coro, com exceção do Capitão América, que se distraía com um siri cavando um buraco, e do novato Naruto, que ainda não estava acostumado com as excentricidades do mundo fantástico da mesma forma que seus amigos veteranos, que contavam com longas batalhas e lutas contra o mal no currículo.

Um barulho de cavalgada tomava o ambiente. Eram os Cavaleiros do Zodíaco que acabaram de chegar, pois estiveram a manhã inteira surfando com as Tartarugas Ninjas em outra praia e que, até então, não estavam sabendo de corrida, de afogamento, de crianças gritando, de nada. Eram a última esperança de todos. A garotada foi pedir ajuda.

– Ah, crianças, fica para a próxima, ok? Sabem como é, hoje...

– Sabemos sim – interrompeu um garoto irado. – Estão de folga.

– Exatamente – respondeu um dos Cavaleiros sem remorso.

– Eu não acredito! Eles nos abandonaram! Eu odeio todos eles!

O garoto mal terminara de falar e já ouvia uma voz que parecia ser do Zorro, sugerindo que todos fossem tomar uma água de coco antes da corrida, pois aquela “encheção” havia dado sede.

Assim, sozinhos eles nadaram e salvaram a criança que se afogava. A principio todos sentiam uma grande raiva dos heróis que não quiseram ajudar. Lamentaram anos de infância dedicados a eles. Os sonhos de querer ser como eles.

Anos depois entenderam o recado: super-herói perfeito é apenas uma grande ilusão, uma fantasia bonita, mas ainda assim, uma fantasia. Na nossa realidade, todos podem ser heróis de acordo com suas atitudes, com falhas e acertos, como qualquer mortal. Mas continuar tentando sempre é necessário.

Os garotos compreenderam que os super-heróis não estavam ignorando ninguém aquele dia na praia, era apenas uma maneira que encontraram de mostrar-lhes o mundo, despertando neles o super-herói que há dentro de cada um. E afinal, conto de fadas, também não é para todos.

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