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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Em Cuba, Ahmadinejad diz que Irã é perseguido sem razão



Em meio à crescente tensão com o Ocidente em torno do controverso programa nuclear iraniano, o presidente Mahmoud Ahmadinejad chegou nesta quarta-feira a Havana, na terceira escala de um giro pela América Latina que já o levou a Venezuela e Nicarágua. Durante a visita de um dia, ele deve ser recebido pelo presidente Raúl Castro e por Fidel Castro.

Recebido pelo vice-presidente cubano, Esteban Lazo, Ahmadinejad chegou sorridente ao aeroporto internacional José Martí. Fez sinal de vitória com a mão, mas não emitiu comentários. Em uma conferência na Universidade de Havana, Ahmadinejad disse que seu país está sendo punido sem razão pelas potências ocidentais e aproveitou para atacar o capitalismo. "Agredimos alguém? Pedimos mais do que temos direito? Nunca, jamais", disse Ahmadinejad. "Graças a deus estamos presenciando a decadência do capitalismo em termos econômicos, políticos e culturais. Estão em um beco sem saída".

Num momento em que o Irã está cada vez mais isolado na comunidade internacional, Cuba, Nicarágua e Venezuela manifestaram apoio ao direito iraniano de desenvolver um programa nuclear pacífico. Os EUA e seus aliados acusam os iranianos de tentare, desenvolver armas nucleares, algo que Teerã nega. Dias depois de Washington ter imposto novas sanções ao Irã, Ahmadinejad e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, falaram em tom de piada sobre terem armas nucleares à sua disposição.

A situação política envolvendo o Irã ficou mais tensa nesta quarta-feira por causa da morte do cientista nuclear Mostafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, vítima de uma bomba em seu carro. Três outros cientistas iranianos, dos quais pelo menos dois envolvidos com atividades nucleares, foram mortos em 2010 e 2011, em explosões semelhantes. O Irã já concedeu centenas de milhões de dólares em empréstimos a Cuba, que a ilha usou principalmente para adquirir vagões ferroviários iranianos. O comércio entre os dois países, que havia sido de US$ 46 milhões em 2008, caiu em 2009 para US$ 27 milhões.

Os dois países também têm em comum o fato de estarem na lista de quatro países que o Departamento de Estado dos EUA qualifica como patrocinadores do terrorismo, ao lado de Síria e Sudão. Esta é a segunda vez que o presidente iraniano visita Cuba, onde já esteve em 2006. Em 2002, Fidel visitou o Irã.

Da Agência O Globo

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