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domingo, 10 de março de 2013

Norte



Minha fome é outra.
Não aquela que abre um buraco negro
no estômago
- vazio invisível,
que da boca algum alimento
lácteo - via esôfago -
cessa prontamente
até a próxima angústia.


Minha fome é outra.
Não um simples estar-no-mundo,
como disse Drummond
- o universo para mim
é pouco.
Minha fome salta como louca,
labareda intrépida
num incêndio grandioso.


Ela me devorará
ainda que eu entregue os pontos;
a eternidade é uma tosca
linha de partida
no horizonte, a cegar-me o olho.


Sim, minha fome é outra
- indigesta, não toca
as iguarias da estalagem.
Não tem nome,
nem forma, nem nada.
Apenas remove
montanhas, ajudando-me a vencer
o caminho penoso
sem jamais perder de vista
a paisagem.

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