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domingo, 21 de abril de 2013

Obra de arte.




A tinta escorria por entre os meus pensamentos, colorindo meu universo monocromático. Um fino pano branco se esticava pelos quatro cantos daquele quadrado sem vida: Madeira morta pregada com ferro frio, a espera das nuances que dariam vida ao objeto inanimado. Um cenário se desenhava enquanto minhas dúvidas se amontoavam do lado de fora da tela. Nela, nua, crua e delicada, somente traços certeiros, nada da sujeira dos rascunhos riscados a carvão e lápis. Formas que se definiam em profundidade e perspectiva, se misturavam à trama do tecido maculado pelo pincel que deslizava suave pelos seus poros simétricos. Cores que se amalgamavam numa miscelânea infinita e surpreendente. Aquele quadro tinha vida própria e gritava, quebrando o silêncio, pedindo que fosse pintado com cuidado e dedicação especiais. A obra se aproximava de seu ápice apoteótico, quando de repente, uma explosão ensurdecedora interrompe o ato criativo: Uma paz toma conta de tudo e somente o som de tinta secando invade de forma melódica todo o ambiente. Era o fim. Nada mais poderia ser feito, qualquer pincelada a mais, qualquer minúsculo pingo de tinta, poderia estragar a perfeição do momento. Nascia naquele instante um filho único e original, dotado de detalhes exclusivos que o diferenciavam de todos os outros. Tinha sua identidade, uma marca única que o distinguia e o elevava ao patamar de obra de arte.

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