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domingo, 7 de outubro de 2012

Ah, esse fenômeno instigante, o das amizades que se mantêm independentes da convivência.

Será amizade? Será saudade comum dos anos vividos em amizade?
Será saudade dos anos felizes ou uma afinidade
que se espraia no tempo?
Não sei responder. Sei que com algumas pessoas (poucas),
há uma insistência teimosa em desejar ver, trocar idéias e experiências, creio, pela certeza da reciprocidade e do "ser aceito".

Sim, talvez seja a certeza de ser aceito, uma das maiores necessidades humanas neste mundo de incompreensões.
Talvez seja a necessidade da existência de certeza prévia de acolhimento ao que somos, como somos e ao que pensamos,
o fermento da amizade.

O mistério da amizade talvez resida no alívio
que traz a existência de alguém que nos acolha.
Digo acolha e, não, recolha
aí já seria dependência de um lado e paternalismo do outro.

Acolher significa receber de bom grado, previamente,
sem julgamentos ou resistências.
É molesto o fato de que os seres humanos
vivam a julgar e que suas opiniões prévias interponham
barreiras na comunicação, dificultando-a.

O mistério da afinidade consiste na inexistência
das resistências ao outro, mesmo quando haja discordância.
Isso não deriva apenas de afeto.
Quantas vezes há afeto entre as pessoas sem, porém,
a aceitação natural, espontânea e prévia?

Verifique nas amizades tidas e vividas ao logo da vida,
o que delas restou.
Haverá muita vivência, boa e má.
Raramente, porém, restará a amizade...

Com os anos, vão se tornando escassas as amizades
que atravessaram o terreno íntimo que lhes é próprio
sem arranhões e sem mágoas, restando, como fruto,
após ingentes experiências humanas e existenciais,
apenas (e já é tanto...) a amizade.

Amizade é o que resta da amizade.
Se o que resta de uma amizade é amizade, então amizade é.
Da verdadeira!

PaULoZiNhUUU

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