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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Série Contos Distópicos do escritor Luiz Amato parceiro do Blog


Conto n. 02


A imagem pode conter: atividades ao ar livre e texto

Marcos e seu irmão mais novo Wallyson, corriam como alucinados:
- Corre mano, não podemos deixar essa escapar, cerca ela lá na frente.
- Pode deixar Ma, ela não vai fugir de forma alguma.
Dito e feito. Wally cercou a presa, fazendo-a hesitar. Foi o suficiente para que o mais velho a abatesse com um pedaço de pau, usado como porrete.
- Ufa! Foi difícil mais conseguimos. Toca aqui irmãozinho. Filetes de saliva escorriam provocados pela fome.
A caça foi colocada em uma improvisada e suja mochila. Deixaram o antigo shopping com sorrisos nos lábios.
Durante a volta evitaram passar pela frente do antigo hospital geral. Além do canibalismo praticado pelos ocupantes, episódios de chuva ácida ocorriam com frequência na região.
Depois de quase uma hora de caminhada, chegaram ao local onde funcionara a lanchonete de sua mãe.
- Oi mamis, trouxemos comida – Wally era pura alegria.
- Chegamos dona Re – essa era a forma carinhosa como Marcos tratava Regina, sua mãe.
Ela tentou sorrir, mas as dores nos ossos a impediu. Com dificuldade abraçou os garotos.
- Eu amo muito vocês. Muito mesmo, lá do fundo do meu coração.
- Nós também mãe – respondeu o menor.
Ela iria preparar a comida. Pegou uma panela, resto de seus utensílios.
Marcos se incumbiu de acender uma fogueira e Wally coletar um pouco da água de baixa qualidade, que estocavam em uma banheira.
Após a grande praga, que levou ao extermínio de mais de noventa por cento da população mundial, incluindo o seu marido, ela prometera que cuidaria dos meninos, não importando se isso custasse a própria vida.
Mesmo seriamente debilitada ela preparou uma sopa, que desta vez teria além das gramíneas e das pedras, carne da presa trazida pelos filhos.
Enquanto a água ferventava, ela limpou a ratazana, cortando-a em pequenos pedaços. Adicionou-os ao caldo. Nesta noite Marcos e Wallyson dormiriam de barriga cheia.
Ela retirou o trapo que encobria um corte na parte baixa de seu braço, próximo ao cotovelo. Já era quase um ritual quando preparava algo para eles comerem.
Viu que estavam distraídos. Em rápidos movimentos regou a sopa engrossando-a com o seu sangue.

FIM

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