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Sérgio Buarque de Holanda é o autor do clássico Raízes do Brasil. Seu filho, bem mais conhecido do grande público, além de ser considerado um dos maiores compositores e cantores do país, também possui uma sólida carreira literária, tendo escrito vários romances que foram sucessos de público e crítica, como Budapeste e Estorvo.
Em entrevista, Chico falou sobre o pai: "A partir da adolescência eu comecei a entrar no escritório dele, e a minha entrada foi pela porta da literatura. Ele não impunha nada, isso nunca. Mas a presença dele, daqueles livros todos, de certa forma despertavam curiosidade na gente. A maneira de eu me aproximar mais dele talvez tenha sido através da literatura. Então, já com meus 17 anos, não sei bem quando eu comecei a ler mais... Eu ia lá e perguntava. E ele me indicava isso, aquilo... A gente conversava, mas engraçado, nunca sobre História, que era a especialidade dele. E quando a gente perguntava alguma coisa sobre história era em função de trabalhos de escola. Mas ele era um péssimo professor pra gente, porque a gente precisava saber aquela coisa que se dava na escola. Ele entrava nos detalhes e se empolgava, entrava a fundo na matéria, de uma forma que pra gente não servia. Agora, na literatura, ele também sabia tudo e, comigo, o diálogo foi conquistante a partir desse momento. Eu comecei a me interessar. E me perguntei: eu estava mesmo interessado na literatura, ou interessado, através da literatura, em me afirmar diante do meu pai. Mas na literatura, você solicitando, ele foi um professor."
E ainda comentou sobre a amizade do pai com o poeta Vinícius de Morais: "Tem uma história muito boa entre os dois. Eles combinaram que quem morresse primeiro viria avisaria o outro sobre como era o outro lado. Logo depois da morte do Vinicius, meu pai ainda arrasado, disse ter visto o Vinicius do outro lado de uma porta de vidro lá de casa. Eles tinham a mania de trocar chapéus e Vinicius estava com um chapéu trocado. Meu pai, cheio de curiosidade, perguntou então a Vinicius como era o outro lado, e ele, rindo, fez um não com o dedo, como se dissesse: "Não conto"."
Fonte: jornadaonline
Texto de Diego Vieira
Administração Imagens Históricas
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