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domingo, 16 de dezembro de 2012

A maior riqueza do homem

É a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Manoel de Barros

Livro

"Cresci no meio de livros, fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfaziam em pó, cujo cheiro ainda conservo nas mãos"Foto: "Cresci no meio de livros, fazendo amigos invisiveis em páginas que se desfaziam em pó, cujo cheiro ainda conservo nas mãos"
(Carlos Ruiz Zafon)

Boa noite, bons sonhos e deliciosas leituras meus amigos *-*

(ilustração de Isaiah Stephens)
(Carlos Ruiz Zafon)

Foto da descoberta de que as gigantes estátuas Moai, da ilha de Páscoa, possuem corpos enterrados sob a terra.


A Ilha de Páscoa é um dos lugares mais remotos habitado do planeta e guarda um achado arqueológico incrível de seus antigos habi
tantes, os Rapanui. Tais povos deixaram um legado impressionante para a eternidade, os Moai, estátuas gigantes que, provavelmente, foram construídas em homenagem aos seus líderes mortos. No total são 887 estátuas gigantes de pedra vulcânica espalhadas pela ilha e foram construídas por volta de 1200 d.C e 1500 d.C.

Recentemente, escavando a base das cabeças de algumas estátuas, os cientistas e arqueólogos descobriram que, enterradas sob a terra, as gigantes cabeças escondiam um corpo, conforme mostra a foto.

Fonte/Foto: Easter Island Statue Project (http://www.eisp.org/4095/)

SÚPLICA DO LIVRO:


Não me manusei com mãos sujas;
Não escreva em minhas páginas;
Não rasgue nem arranque minhas folhas;
Não apóie o cotovelo sobre minhas páginas durante a leitura;

Não me deixe sobre cadeiras ou lugares que não sejam meus;
Não me deixe com a lombada para cima;
Não coloque entre minhas folhas objeto algum mais espesso que uma folha de papel;
Não dobre os cantos de minhas folhas para marcar o ponto em que parou a leitura;
Use para isso uma tira de papel ou marcador apropriado;
Terminada a leitura, devolva-me ao lugar certo ou a quem deva guardar-me:
E ajude-me a conservar-me limpo e perfeito e eu o ajudarei a ser feliz.

(Divulgado em folheto, com indicação de todos os sebos do Rio,
pelo livreiro Jorge Teixeira, da livraria Império, nos anos 60 e 70)

O bom exemplo vem de cima. Infelizmente nossos governantes são maus exemplos.

Infelizmente está é nossa realidade dos políticos brasileiros 

Professores heróis morrem para salvar alunos em tragédia nos EUA

Victoria Soto, de 27 anos, acabou se jogando na frente das crianças para protegê-las.
Três professores morreram tentando proteger os alunos no massacre na escola primária Sandy Hook, em Connecticut, nos Estados Unidos. Durante o tiroteio, 27 pessoas morreram, entre as vítimas estavam 20 crianças.

De acordo com as informações do tabloide Daily Mail, quando começaram os tiros, parte dos professores mergulhou embaixo da mesa. Uma das professoras, Victoria Soto, de 27 anos, acabou se jogando na frente das crianças para protegê-las.

A diretora Daw Hochsprung, de 47 anos, e a psicóloga Mary Sherlach, de 56 anos, ao ouvirem os tiros, correram para o corredor para enfrentar o atirador, mas também foram executadas.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Resíduo

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

Carlos Drummond de Andrade

Terror



Quando falamos em GUERRA pensamos logo em terror, morte de inocentes, destruição. E com razão. A Guerra é um furacão de inconsciência. Por onde passa arranca as portas e deixa entrar toda sorte de iniquidade. Tudo que as civilizações constroem em séculos e milênios de trabalho a Guerra transforma em ruínas em questão de dias, horas, minutos...

A mesma coisa acontece com a gente quando abrimos fogo contra nosso semelhante. A raiva, o destempero, o ódio, a vingança são guerras em menor escala, mas não em menor poder de destruição. Somos tomados por uma tempestade de sentimentos desarvorados e impiedosamente destruidores.

Assistimos às plantações de amor e luz que cultivamos durante toda uma vida a serem dissipadas pela cegueira que causa os sentimentos de contenda. Tudo desaba e se desintegra fazendo-nos cair na vala do absoluto egoísmo, inimigo da evolução humana.

Uma fagulha de instante de insânia que nos deserda de conquistas feitas às duras penas.

A Guerra e o Homem. Uma união para o divórcio da sensatez que evita o auto dilaceramento.

Felipe Santolia

Todo tempo pensei que era feliz

Mais percebi que esse conto e um terror

não posso mais aguentar essa dor
então solte para fora
jogue o mundo seja você mesmo
não minta mais para você
isso não vai dar certo
mais

Então levanto e digo para mim mesmo

Você não vai mais fazer isso comigo
por que você não passa de memórias velhas.
Quantas noites perdi de sono chorando por você
Você pelo menos se lembra de mim?
Acho que não.

Então encontre a força que precise em você
você e melhor do que qualquer um.


Apenas peço para vida me mostra o que a vida tem de melhor
com você apenas enxerguei a mentira e a fantasia.
O que você sabe sobre mim?
O que sei sobre você e o suficiente para eu seguir em frente.

Maycon Oliveira

Terror



Talvez aqueles horríveis contos de terror em que todos morrem no final não sejam tão terríveis assim, pelo menos é o que parece pra mim, que já vivi isso, mesmo que talvez tenha sido apenas uma alucinação da minha cabeça, que confesso já não estar mais tão sã assim... E talvez, os monstros que vivem dentro da minha cabeça sejam mais temíveis que aqueles que ouço arranhando embaixo da cama.
É, minha historia não começa com "5 amigos numa viagem", mesmo porque nunca tive amigos, segundo porque minhas viagens ocorriam apenas dentro de mim. Essa história começa simplesmente comigo, e uma dose insana de comprimidos que levei com o intuito de me matar, ali, naquele vagão de trem abandonado... Porque? Apenas queria morrer ali, marcar eternamente o local onde uma jovem garota loira se matou, queria que jovens inventassem histórias sobre meu fantasma e me temessem... enfim, apenas para ser dramática, mas o que me esperava era um pouco mais de drama do que eu poderia suportar.
Me sentia até confortável naquele vagão, era gelado, achei q era o lugar perfeito pra eternizar minha alma, que também já tinha se tornado fria. Tomei 1 vidro e meio de um comprimido tarja preta qualquer que roubei da minha mãe, mas como nada é tão bonito como na tv, logo vieram os vômitos, um atrás do outro, e com aquele liquido nojento também se esvaia minha dignidade, ali, se contorcendo e se afogando em vomito dentro de um vagão de trem abandonado, onde ninguém poderia me ouvir, ou pelo menos era isso que eu achava.
Acho que tinha desmaiado, acredite em mim quando digo que quando as pessoas dizem que foi tudo muito confuso, é porque é verdade. Eu juro que quando abri os olhos novamente, preferia ter visto o diabo, mas eram aqueles malditos caras da escola, sequer os conheço mas parece que me odeiam, sempre me ofendendo, me chamando de estranha, me assediando, nojentos. Eles não deixaram eu me afogar no vômito, eu já tinha posto pra fora praticamente todos os comprimidos e meu suicídio já tinha ido por agua a baixo, mas estava extremamente fraca, meu estomago doía e minha cabeça estava pesada. De repente, me senti totalmente controlada por algo, talvez fosse a morte, e do nada recuperei as forças que tinha e as que não tinha, e ai aconteceu.
Enquanto André e seus amigos riam de mim, rasgavam meu vestido,e "decidiam" o que iam fazer comigo, um ódio demoníaco se apoderou de mim. Peguei um estilhaço de vidro, provavelmente de uma garrafa de algum bêbado que esteve ali, rasguei a garganta de André, os outros dois tentaram fugir, mas estranhas criaturas os seguraram, eram sombras negras e, seu eu pudesse dar um palpite do que elas eram, eu diria que eram o próprio medo, a maldade e o ódio ganhando forma. E eu, movida por algo que até hoje não sei, matei todos eles, um por um, os gritos eram musica para meus ouvidos, a cada vez que eu enfiava aquele pedaço de vidro em seus estômagos, me sentia uma artista, criando sua obra prima. Uma obra de arte chamada morte, feita a pinceladas de sangue e terror.
Aquelas terríveis sombras, encheram o vagão, estavam por todo o lado e sussurravam coisas que eu não entendia, levaram os corpos, acho que era como um sacrifício, não sei... Uma força se apoderou de mim novamente, e dentro da minha cabeça ouvi claramente:
"ESTAMOS TE DANDO UMA CHANCE PRA VIVER NOVAMENTE, MOSTRE AS SOMBRAS AO MUNDO, DÊ A ELES O TERROR QUE SÓ UMA PESSOA A QUEM ELES AMAM SERIA CAPAZ DE DAR, FAÇA ISSO, E CONSEGUIRÁ SUA ETERNIDADE"
Quando voltei a mim, estava diferente, não sei explicar... apenas não era mais eu, eu não tinha mudado em nada, porém estava mais bonita, mais confiante, eu era como uma estrela, era impossível não olhar pra mim. Nunca mais fui a mesma, a partir daquele dia todos passaram a me amar, tinha amigos, ia a festas, era tratada como uma rainha. E como as criaturas me disseram, eu dei a todos o terror que só os amantes da superficialidade mereciam, os humilhei, os tratei como lixo, apenas retribui o desprezo que eles tanto me ofereceram quando eu ainda não era o que eles queriam que eu fosse. Confesso, me divirto com isso, estúpidos inúteis, cuspo em seus rostos e ainda fazem tudo o que eu quero, não prezam pela própria dignidade, humanos são todos assim, foi por isso que quis tanto morrer antes disso tudo começar...
As vezes, quando o vento me fala que eu devo, vou ao velho vagão abandonado, os meninos que matei sempre estão lá, eles gritam e gemem porque as sombras os torturam, eles pedem pela mãe e então eu rio como o próprio diabo. As criaturas me falam o que devo fazer, e eu tenho um longo caminho pela frente, o líder deles disse que eu ainda serei muito importante no mundo, terei muita influencia e farei muitas pessoas sofrerem com meu poder, todos acreditarão nas minhas mentiras porque os farei se apaixonarem por elas, mas no final de tudo, lembrarão de Catanduva como sendo a cidade em que o mal nasceu.
Muitas coisas tão poderosas quanto as sombras tentam me parar, dizem que eu tenho que morrer para que não haja sangue derramado no futuro, mas elas moram apenas na minha cabeça, e conversam comigo em meus sonhos, por isso não durmo mais, não em casa. Toda noite vou ao vagão e durmo ouvindo o arranhar do caco de vidro no chão. As vezes ouço André sussurrar "Você vai morrer Alana" então eu respondo:
-Isso foi tudo que eu sempre quis.

Alana Bueno