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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

SOU MACHADO DE ASSIS

Sou menino, adolescente
Meio jovem, sou senhor
Sou um grito estrindente
Ou o silêncio do torpor
Sou sua carta resposta
A vitória de uma aposta
Sou o seu maior amor.
Sou assim não porque quero
Só falei de emoção
Joguei no vento o meu verso
Que acertou seu coração
Que andava desgarrado
Nesta cela aprisionado
Por algemas da paixão.
Sou aquele que na vida
Dor fictícia`inda trago
uma dor que nunca morre
Tão inimiga do afago
Sou o culpado do sorriso
Prometido e não cumprido
Pro Bentinho Santiago.
Sou poeta consagrado
Ou quem sabe um aprendiz
sou a letra no papiro
dita pra te ver feliz,
sou teu livro companheiro
cobertor, seu travesseiro,
sou Machado de Assis.

Ezhequiel Águia Queiróz

Meu fim

O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas crêem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é cansativa.
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não durmo mal.

Machado de Assis

A uma senhora que me pediu versos

Pensa em ti mesma, acharás
Melhor poesia,
Viveza, graça, alegria,
Doçura e paz.

Se já dei flores um dia,
Quando rapaz,
As que ora dou têm assaz
Melancolia.

Uma só das horas tuas
Valem um mês
Das almas já ressequidas.

Os sóis e as luas
Creio bem que Deus os fez
Para outras vidas.

Machado de Assis

A mão e a luva (Capítulo XIX: Conclusão )

Marcado o casamento para dois meses depois, todo o tempo de intervalo foi despendido pelos noivos naquele deleitoso viver, que já não é o colóquio furtivo do simples namoro, nem é ainda a intimidade conjugal, mas um estado intermédio e consentido, em que os corações podem entornar-se livremente um no outro. Aqueles não tinham nada do amor extático e romanesco de Estevão, mas amavam sinceramente, ela ainda mais do que ele, e tão feliz um como outro.
A gente que os conhecia comentou de todos os modos e feitios aquele caso inesperado, e a mais de um roeu a inveja do favor com que o Céu tratara a Luís Alves. A gentileza e a elegância da moça não encontravam objeção no espírito de ninguém; todos as confessavam e aplaudiam, porque até o silêncio mortificado de algumas belezas rivais, se porventura as havia, — era também aplauso e do melhor. Quanto ao caráter de Guiomar, divergiam muito as apreciações; e um dia, em que Luís Alves lhe contava uns trechos de conversa ouvidos a furto, e de que era objeto a noiva, ela pareceu refletir longo tempo, e enfim respondeu:
— Não admira que haja tanta opinião diferente; é natural, porque nunca vulgarizei o meu espírito. Entretanto, a opinião dos outros importa-me pouco; eu quisera saber a sua.
— A minha é que é um anjo.
Guiomar fez um gesto gracioso de enfado, como quem não esperava aquele cumprimento velho e comum, aliás eternamente novo, — porque não há outro mais pronto e mais belo nas nossas línguas cristãs. O noivo sorriu, mas nada lhe disse, e todavia podia dizer-lhe alguma coisa, — aquilo, pelo menos, que o leitor lhe ouviu num dos capítulos anteriores.
— Se não sabe o que sou, — continuou Guiomar, — eu mesma o direi, para que te não case comigo assim de emboscada, e não lhe aconteça unir-se a um demônio supondo que é um anjo.
— Um demônio! exclamou Luís Alves rindo.
— Nem mais nem menos, retrucou ela rindo também. Saiba pois que sou muito senhora da minha vontade, mas pouco amiga de a exprimir; quero que me adivinhem e obedeçam; sou também um pouco altiva, às vezes caprichosa, e por cima de tudo isto tenho um coração exigente. Veja se é possível encontrar tanto defeito junto.
Luís Alves respondeu que eram tudo qualidades excelentes, e esteve quase a dizer que lhe faltava mencionar ainda outra, que era a fundamental de todas; preferiu aludir a ela depois do casamento.
O casamento efetuou-se, no dia marcado com as solenidades do estilo. A manhã daquele dia trajava um manto de neblina cerrada, que o nosso inverno lhe pôs aos ombros, como para resguardá-la do rigor benigno da temperatura, manto que ela sacudiu dali a nada, a fim de se mostrar qual era, uma deliciosa e fresca manhã fluminense. Não tardou que o sol batesse de chapa nas águas tranqüilas e azuis, e nessas colinas onde o verde natural ia alternando com a alvura das habitações humanas. Vento nenhum; apenas uma aragem, branda e fresca, que parecia o último respirar da noite já remota, e que só a trechos agitava as folhas do arvoredo.
A chácara naquele dia era a mesma que nos outros, mas Guiomar achou-lhe um aspecto novo e melhor, uma como expansão divina que animava as coisas em redor dela. Toda a alma feliz é panteísta; parece-lhe que Deus lhe sorri de dentro da flor que desabrocha, do fundo da água que serpeia murmurando, e até de envolta com o cipó humilde e rústico, ou no seixo bronco e desprezado do chão. Era assim a alma de Guiomar naquela manhã. Nunca as árvores, as flores, a grama rasteira lhe pareceram mais vicejantes; o sentimento interno hauria aquela vida exterior, do mesmo modo que o pulmão bebia o puro ar matinal.
De envolta com essas sensações comuns a toda a alma, havia ainda as que eram dela, — dela, que via ali o seu último Sol de moça solteira e contemplava por antecipação a aurora nova, o dia longo e feliz de suas férteis ambições. Neste ponto despia a sua fantasia as asas de folha agreste, com que andara a pairar no meio daquela vegetação, para envergar outras de seda e brocado, e voar sabe Deus a que sítios de grandeza humana.
O acaso quis que naquela manhã vestisse o mesmo roupão com que Estevão a vira do outro lado da cerca, e trouxesse no colo e nos pulsos o mesmo broche e os mesmos botões de safira. Não tinha o livro; mas, em falta desta circunstância, havia outra, que era a mesma daquela célebre manhã, havia uns olhos que do outro lado da cerca a espreitavam namorados. Não eram, porém, os mesmos; eram os do noivo, com quem ela foi encontrar os seus; — e o mais doloroso de tudo é que nem a cerca, nem os demais acessórios, nada lhe lembrou o outro homem que morria por ela. A felicidade é isto mesmo; raro lhe sobra memória para as dores alheias.
Não menos alegre do que ela parecia a baronesa naquele dia. De longe em longe surgia-lhe na memória a idéia do sobrinho, mas já não havia tristeza de não ter efetuado o casamento, como desejara; tão leve foi o golpe em Jorge e tão indiferente andava ele, que a boa senhora compreendeu que o amor, se existira, não era grande, e sobretudo não perdurou; a idéia de que isto mesmo podia acontecer-lhe ao cabo de seis semanas de casado, fê-la dar graças a Deus do nenhum êxito de seus planos.
Mrs. Oswald igualmente se mostrava feliz, — talvez ainda mais, porque era-o aparatosamente, como se quisesse resgatar as passadas culpas. Guiomar entendia a intenção latente das manifestações ruidosas com que ela andava a felicitá-la e bajulá-la; mas o dia não era de rancores nem de ressentimentos, e ela recebia sorrindo as cortesanices da inglesa.
O casamento fez-se enfim. As lágrimas que a baronesa derramou, quando viu Guiomar ligada para sempre, foram as mais belas jóias que lhe podia dar. Nenhuma mãe as verteu mais sinceras; e, seja dito em honra de Guiomar, nenhuma filha as recebeu mais dentro do coração.
Na noite do casamento, quem olhasse para o lado do mar, veria pouco distante dos grupos de curiosos, atraídos pela festa de uma casa grande e rica, um vulto de homem sentado sobre uma lájea que acaso topara ali. Quem está afeto a ler romances, e leu esta narrativa desde o começo, supõe logo que esse homem podia ser Estevão. Era ele. Talvez o leitor, em lance idêntico, fosse refugiar-se em sítio tão remoto, que mal pudesse acompanhá-lo a lembrança do passado. A alma de Estevão sentiu uma necessidade cruel e singular, o gosto de revolver o ferro na ferida, uma coisa que chamaremos — voluptuosidade da dor, em falta de melhor denominação. E foi para ali, contemplar com os indiferentes e ociosos aquela casa onde reinava o gozo e a vida, e naquela hora que lhe afundava o passado e o futuro de que vivera. Não o retinha a constância do estóico; pela face emagrecida e pálida lhe corriam as lágrimas derradeiras, e o coração, colhendo as forças que lhe restavam, batia-lhe forte na arca do peito.
Defronte dele refulgia de todas as suas luzes a mansão afortunada; detrás batia a onda lenta e melancólica, e via-se o fundo da enseada, escuro e triste. Esta disposição do lugar servia ao plano que ele concebera, e era nada menos do que matar-se ali mesmo, quando já não pudesse sofrer a dor, espécie de vingança última que queria tomar dos que o faziam padecer tanto, complicando-lhes a felicidade com um remorso.
Mas este plano não podia realizar-se, pela razão de que era mais um devaneio, que se lhe dissipou como os outros. A frouxidão do ânimo negou-lhe essa última ambição. Os olhos podiam fitar a morte, como podiam encarar a fortuna; mas faltavam-lhe os meios de caminhar a ela. Esteve ali, pois, até o fim; e em vez de mergulhar na água e no nada, como delineara, regressou tristemente para casa, trôpego como um ébrio, deixando ali a sua mocidade toda, porque a que levava era uma coisa descolorida e seca, estéril e morta. Os anos passaram depois, e à medida que vinham, ia-se Estevão afundando no mar vasto e escuro da multidão anônima. O nome, que não passara da lembrança dos amigos, aí mesmo morreu, quando a fortuna o distanciou deles. Se ele ainda vegeta em algum recanto da capital, ou se acabou em alguma vila do interior, ignora-se.
O destino não devia mentir nem mentiu à ambição de Luís Alves. Guiomar acertara; era aquele o homem forte. Um mês depois de casados, como eles estivessem a conversar do que conversam os recém-casados, que é de si mesmos, e a relembrar a curta campanha do namoro, Guiomar confessou ao marido que naquela ocasião lhe conhecera todo o poder da sua vontade.
— Vi que você era homem resoluto, disse a moça a Luís Alves, que, assentado, a escutava.
— Resoluto e ambicioso, ampliou Luís Alves sorrindo; você deve ter percebido que sou uma e outra coisa.
— A ambição não é defeito.
— Pelo contrário, é virtude; eu sinto que a tenho, e que hei de fazê-la vingar. Não me fio só na mocidade e na força moral; fio-me também em você, que há de ser para mim uma força nova.
— Oh! sim! exclamou Guiomar.
E com um modo gracioso continuou:
— Mas que me dá você em paga? um lugar na Câmara? uma pasta de ministro?
— O lustre do meu nome, respondeu ele.
Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.

Machado de Assis

No alto

O poeta chegara ao alto da montanha,
E quando ia a descer a vertente do oeste,
Viu uma cousa estranha,
Uma figura má.

Então, volvendo o olhar ao subtil, ao celeste,
Ao gracioso Ariel, que de baixo o acompanha,
Num tom medroso e agreste
Pergunta o que 

machado de Assis

Um Apólogo

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

— Deixe-me, senhora.

— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

— Mas você é orgulhosa.

— Decerto que sou.

— Mas por quê?

— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?

— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...

— Também os batedores vão adiante do imperador.

— Você é imperador?

— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!


Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.

Machado de Assis

Capítulo VIII Razão contra Sandice

JÁ O LEITOR compreendeu que era a razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair, clamando, e com melhor jus, as palavras de Tartufo:

La maison est à moi, c´est à vous d´en sortir.

Mas é sestro antido da Sandice criar amor às casas alheias, de modo que, apenas senhora de uma, dificilmente lha farão despejar.É sestro; não se tira daí; há muito que lhe calejou a vergonha. Agora, se advertirmos no imenso número de casas que ocupa, umas de vez, outras durante as suas estações calmosas, concluiremos que esta amável peregrina é o terror dos proprietários. No nosso caso, houve quase um distúrbio à porta do meu cérebro, porque a aventícia não queria entregar a casa, e a dona não cedia da intenção de tomar o que era seu. Afinal, já a Sandice se contetava com um cantinho no sótão.
_Não, senhora, replicou a Razão, estou cansada de lhe ceder sótãos, cansada e experimentada, o que você quer é passar mansamente do sotão à sala de jantar, daí à de visitas e o resto.
_Está bem, deixe-me ficar algum tempo mais, estou na pista de um mistério...
_Que mistério?
_De dois, emendou a Sandice; o da vida e o da morte;peço-lhe, só uns dez minutos.
A Razão pôs-se a rir.
_Hás de ser sempre a mesma coisa ... sempre a mesma coisa ... sempre a mesma coisa ...
E, dizendo isso, travou-lhe dos pulsos e arrastou-a para fora; depois entrou e fechou-se. A Sandice ainda gemeu algumas súplicas, grunhiu algumas zangas; mas dessenganou-se depressa, deitou língua de fora, em ar de surriada, e foi andando ...


Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Machado de Assis

Mulheres são como maçãs em árvores

"As melhores estão no topo.
Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão,
que não são boas como as do topo,
mas são fáceis de se conseguir.

Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas,
quando na verdade, eles estão errados...

Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar,
aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore."

Machado de Assis

A CAROLINA




Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Machado de Assis

Holanda tem bairro-biblioteca ecológico



Com estantes feitas de vasos reciclados e mais de 15 mil livros no acervo, o Library Quarter é um bairro cujo centro é uma biblioteca, em Spijkenisse, na Holanda. O complexo bibliotecário segue políticas sustentáveis de gerenciamento, promovendo eventos de conscientização ambiental e utilizando sistemas de reaproveitamento de água e de eficiência energética.

Os títulos ficam aglomerados na Book Mountain uma “montanha de livros” fincada no meio das 40 residências de Library Quarter. Além da biblioteca, o local também abriga um centro de educação ambiental, áreas de convivência, auditórios, escritórios comerciais e um mercado.
Divulgação

Estantes são feitas de vasos reciclados

A Book Mountain é contornada por uma estante de 480 metros de comprimento. As placas de vidro transparente da estrutura expõem totalmente as prateleiras da biblioteca, e foram desenvolvidas justamente para convidar as pessoas a apreciarem os livros, já que Spijkenisse registra uma taxa de analfabetismo em torno de 10%. Para atrair a atenção dos moradores da cidade, todo o projeto de Library Quarter faz referências às tradicionais fazendas da Holanda.

Para reduzir a emissão de carbono, a biblioteca não possui ar condicionado, mas conta com um sistema de ventilação natural que mantém a temperatura agradável. Nos dias frios, o aquecimento da pirâmide fica por conta de um sistema que armazena o calor, instalado no subsolo da Book Mountain.