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segunda-feira, 19 de março de 2012

Rússia pede à Síria que aceite uma trégua para fins humanitários



O que se pede é uma trégua de duas horas por dia, para que a ajuda humanitária possa passar, mas desta vez o pedido da Cruz Vermelha conta com o apoio da Rússia, que até agora vetou, juntamente com a China, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria.


Num comunicado conjunto, o Comité Internacional da Cruz Vermelha e a Rússia pediram um cessar-fogo “imediato” de duas horas por dia. O apelo foi divulgado depois de o presidente da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, se ter encontrado em Moscovo para debater a situação na Síria com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.

A Cruz Vermelha já tinha defendido uma pausa diária nos confrontos para fazer chegar comida e medicamentos às regiões mais afectadas pela violência. No comunicado agora divulgado é feito “um apelo ao Governo sírio e aos grupos armados para que aceitem imediatamente uma trégua humanitária quotidiana para permitir à Cruz Vermelha o acesso aos feridos e aos civis”.

Este apelo ganha maior relevância com a assinatura da Rússia, que já vetou no Conselho de Segurança da ONU duas resoluções contra o regime de Bashar al-Assad, e que tem sido um aliado fundamental da Síria e um importante fornecedor de armamento.

No comunicado, a Rússia sublinhou “a necessidade de garantir à Cruz Vermelha o acesso a todos os detidos na Síria”. Kellenberg disse em declarações ao canal de televisão russo Vesti24, citado pela AFP, que a Cruz Vermelha pretende conseguir “que as condições de detenção sejam dignas ou pelo menos convenientes do ponto de vista humanitário e que os detidos não sejam maltratados”.

Pouco antes deste apelo, a França submeteu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas uma proposta de declaração que deverá ser votada na terça-feira e que apoia os esforços do enviado das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, para pôr fim à violência que já se prolonga há um ano e que, segundo a ONU, causou mais de 8000 mortos.

O documento não tem o valor vinculativo de uma resolução, mas poderá significar um primeiro consenso internacional sobre a Síria, quando já foram rejeitadas duas propostas de resolução. Segundo a Reuters, no texto que deverá ser votado fica expressa “uma profunda preocupação com a deterioração da situação na Síria” e é dado “um completo apoio” ao plano de Annan que prevê um cessar-fogo, diálogo entre as partes em confronto e pleno acesso das organizações humanitárias.

No terreno a violência não dá sinais de abrandar. Pelo menos 25 pessoas foram mortas nesta segunda-feira, entre elas nove civis, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Em Damasco houve confrontos durante a noite no bairro de Mazzé que, de acordo com esta organização, foram “os mais violentos e próximos dos centros de segurança em Damasco desde o início da revolta”, a 15 de Março do ano passado.

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