Nascidos com diferença de dias, moravam em uma pacata cidade do interior.
Vizinhos desde pequenos, Sully e Sallly não tinham olhos para outras pessoas. Foi assim na infância, na puberdade e seria dessa forma por toda a vida. Ele a amava. Ela correspondia
Aos quinze anos conheceram Nika na escola. Ela era fascinante. Negra com bonitos olhos amendoados cor de mel. A amizade foi instantânea. Estavam sempre juntos em qualquer lugar.
Todos gostavam quando no intervalo letivo, eles cantavam velhas canções muito conhecidas.
Passado um ano, novas amizades surgiram: Travis, o magrelo engraçado e Brad com seu amigo inseparável, o violão
Agora não eram mais um trio, mas sim um quinteto, e, inseparáveis.
Não demorou para que o amor atingisse um segundo casal.
Verão de mil novecentos e sessenta e sete. Sally e Sully apaixonados. Travis e Nika também. Mas não se igualavam a Brad em amor.
Ele amava o seu violão, a música, a natureza, os seus amigos, as pessoas e mais que tudo, a vida.
O tempo passava, mas o amor só se expandia.
A paixão de Brad era tão intensa que foi impossível não contaminar seus companheiros. Quem os visse agora não reconheceria os garotos de um ano atrás.
As vestimentas mudaram de forma radical. Usavam calças bocas de sino, botas, saias largas rodadas e jaquetas sem mangas por cima de camisas coloridas.
E os cabelos então: Sully e Sally de cor castanha, compridos e densos.
Nika e Travis contrastantes: Ela com um grande black power e ele no meio das costas liso e loiro.
Brad parecia albino, de pele branca e cabelos claros encaracolados, como de um anjo.
As meninas usavam uma fita com flores, que ia da testa até a parte de trás da cabeça.
Estavam diferentes, mas a musicalidade do grupo crescia.
Viviam agora na cidade grande em uma comunidade hippie. Para eles a vida não podia ser melhor. O que mais precisavam além de amor, paz e liberdade?
O dinheiro nada representava, mas não os impedia de cantarem na praça, próximo à estação ferroviária.
O conjunto de vozes, harmonioso, mais a técnica que Brad adquirira com seu violão angariava aplausos e boas gorjetas, que ajudavam na compra de “marijuana”.
E assim a vida fluía, leve, desimpedida.
Foi durante uma dessas apresentações rotineiras que Paul Tilles, empresário musical do estado do Missouri, encantou-se com o grupo.
Após encerrada a sessão musical ele apresentou-se, convidando-os para irem até Kansas City onde tinha um estúdio.
O entusiasmo foi grande com o convite. Travis assumiu a conversa.
- Escute Paul: O que você pretende de fato?
- Pretendo produzir um compacto single, com duas das canções que ouvi hoje. Podem ter certeza de que será um sucesso. Meu faro não falha.
- Mas nós temos um problema. Não temos carro e muito menos dinheiro para viajarmos. O que faturamos hoje mal dá para a erva.
Paul sorriu. Já vivenciara situações semelhantes.
- Vejamos: Eu acredito que no máximo em duas semanas teremos tudo pronto. Hotel não será problema. Algum de vocês sabe dirigir?
- Bem, nós já fizemos algumas farras, mas quase nos matamos.
- Ok. Então é melhor irem de ônibus.
Ele tirou um maço com notas de 100, separando algumas.
- Isso dá para as passagens e alimentação.
Rabiscou um nome no seu cartão de visitas.
- Este é o hotel. Deixarei as reservas prontas. Vocês pretendem ir quando?
- Amanhã mesmo.
- Ótimo – Paul apertou a mão de todos – espero vocês lá.
Era difícil de acreditar. A sorte sorrira para eles.
A noite houve festa na comunidade. Dançaram, cantado músicas conhecidas, até o meio da madrugada.
x – x
A viagem fora longa e cansativa. A pequena rodoviária onde desceram tinha um aspecto esquisito.
- E agora? – Perguntou Nika – Alguém tem ideia de onde é o hotel?
Eram um grupo extravagante, de estranha aparência para a população local. Seus cabelos e suas vestimentas. Várias pessoas paravam olhando-os, pasmas.
- Acho que eles nunca viram um hippie – Sully puxou Sally para perto de si.
- Senhor Travis – eles ouviram a voz do outro lado da rua. Um homem baixo e gordo o chamava.
Caminharam até ele.
- Sou funcionário do Sr. Paul. Ele me pediu que os pegassem.
- Certo. Muito prazer sou Travis – estendeu a mão.
Meio que contra a sua vontade o sujeito o cumprimentou. Todos perceberam.
- Sou Ben. Vou leva-los para o hotel onde três quartos estão reservados para vocês.
Nika encarou-o – Vamos então.
O hotel era de ótimo nível. Após instalados, Ben informou que um carro do estúdio os pegaria no outro dia cedo.
Eles pareciam crianças, encantados com as comodidades e parafernálias que encontraram. Era um mundo novo.
Por sugestão de Nika, o jantar fora servido nos apartamentos. Comeram todos juntos e com os estômagos forrados logo veio o sono.
Dormiram os cinco no mesmo quarto.
Os primeiros dias marcaram uma rotina. Hotel para o estúdio, ensaios, gravação, pausa para almoço, audições para músicos de apoio e de volta para o quarto, cansados. Mas eles estavam adorando.
Tudo transcorria tranquilo. A perspectiva de Paul era melhor ainda de quando os conhecera.
Ele levara algumas provas para o pessoal da rádio. A aprovação foi geral.
- Eles gostaram de verdade. Podem ter certeza. Vocês serão famosos e ricos. Eu pressinto isso.
Sally era puro sorrisos – Nós estamos amando tudo isso – ela era alta e gordinha, com uma extensão vocal rara. Seu timbre grave impressionava.
- Outra coisa – Paul acendeu um charuto. – Está na hora de definirmos um nome para o grupo musical – Alguém tem alguma ideia?
Brad respondeu:
- É difícil dizer. Até duas semanas atrás não passávamos de um bando de hippies doidos sem rumo.
- Humm, deixe-me pensar: Hippies, loucuras, roupas extravagantes coloridas. A identidade de vocês é por aí. Acho que já sei; The Coloful Madness Band.
Ele animou-se.
- O que acham?
Eles entreolharam-se. A aprovação foi imediata.
- Perfeito – emendou Brad.
- Vamos comemorar – Paul abriu um champanhe. Todos estavam eufóricos.
- Não vou almoçar com vocês hoje. Vou me incumbir de registrar o nome. Vocês não imaginam como as paredes têm ouvidos.
Deu dinheiro para eles orientando-os
- Depois de almoçarem, passem na loja de roupas do Sean, é um amigo. Fica a duas quadras acima. Comprem vestuário bem colorido e extravagante. Amanhã faremos uma seção de fotos para firmarmos a identidade da banda.
- Isso é muito – Sully estava espantado
- Vão se acostumando. Assim será o mundo de vocês. Outra coisa: Aproveitem para passear e conhecer um pouco da cidade, pois ficarão aqui por um longo tempo.
Eles ainda não acreditavam. A vida estava sendo incrível.
Entraram no restaurante ocupando a mesma mesa dos outros dias. Joe, o proprietário já se acostumara com as figuras pitorescas.
- “Se eles gostam de se vestir assim é problemas deles. Esses hippies”.
O grupo de amigos aguardava por Nika no estacionamento. Ela fora ao banheiro.
Ao sair apressada se deparou com duas mulheres, quase trombando com uma delas. Esboçou um sorriso.
- Desculpem-me.
A mais alta delas a encarou.
- Você não olha por onde vai? Tinha que ser uma negra para animar o meu dia. Certos locais deviam ser proibidos para pessoas assim.
A amiga aproveitou a deixa:
- Sim, concordo com você Mary. E vestida desse jeito, com esse cabelo. Parece um espantalho.
- Coitado dos espantalhos – ela a olhou melhor – Veja Joan, ela deve ser daquele bando cheirando a esterco que desceu do ônibus alguns dias atrás. Lembra?
- Claro que me lembro. Fiquei com nojo quando os vi.
As amigas falavam alto de propósito, para que o grupo ouvisse.
Nika conseguiu sair do espanto inicial. Forçando a passagem derrubou Joan, a mais baixa.
Travis correu em sua direção, abraçando-a.
Mary apertou o nariz com dois dedos – Que fedor?
Ele não se conteve – O que vocês pensam que são? Suas vacas.
Alcançaram os amigos que olhavam espantados o incidente. Caminharam na direção da loja de roupas. Lágrimas escorriam pelas faces de Nika.
- Você está bem Joan?
- Sim, não me machuquei na queda. Você viu que negrinha mais sem educação?
- Ela e seu bando não passam de animais. Vamos entrar. Quero fazer umas perguntas para o nosso amigo.
Mary era a esposa do Xerife Steve. Ela se julgava a toda poderosa da cidade.
- Boa tarde Joe. Quem é a essa “mulher” que acabou de sair?
- Ela faz parte de uma banda que está gravando no estúdio do Paul.
Sem travas na língua ele informou tudo que ela queria saber.
- Obrigada. Você é sempre prestativo.
Chamou Joan, sua irmã, para deixar o local.
- Tenho um plano. Eles vão saber quem são as vacas. Vamos para minha casa.
Ao chegar, em comum acordo, golpeou o rosto da irmã atingindo o olho e o lado direito da face.
- Deixe-me chutar suas pernas - várias marcas ficaram visíveis.
Olhou para Joan como se admirasse uma obra de arte – Muito bom. Agora é minha vez.
Foi até o banheiro de onde trouxe um estilete e uma toalha. Com sangue frio fez um longo corte no antebraço. Não foi profundo, mas impressionava.
Apertando para que sangrasse bastante, marcou a toalha com várias manchas de sangue.
Vamos para o segundo ato:
Discou o número da delegacia. Em prantos pediu por seu marido.
Ele atendeu: - Alo.
Entre soluços Mary gritou.
- Steve, venha para casa.
- O que ouve querida?
- Eu e Joan fomos agredidas.
- Agredidas? Como?
Nova crise de choro
- Eu estou muito mal, venha depressa – desligou, piscando para a irmã.
- Mary, Mary – colocou o fone no gancho. Suava frio.
- Spencer.
Seu auxiliar apareceu. Assustou-se ao vislumbrar o seu semblante.
- Joan está com Mary em casa. Parece que as duas foram agredidas.
- O que? Como?
- Também não sei direito. Ela me ligou, mas não consegui entender pois chorava muito. Vamos até lá.
Com a sirene ligada chegaram rápidos.
Joan estava deitada no sofá, com uma bolsa de gelo no rosto que inchara. Mary segurava a toalha manchada de sangue.
Steve quase passou mal ao ver a cena. Seu rosto estava em um tom de vermelho quase arroxeado.
Ela o abraçou.
- Ó meu amor. Eu pensei que fossemos morrer – derramou-se em lágrimas.
Joan aproveitou a deixa, soluçando baixinho. Foi amparada pelo seu marido, Spencer.
Mary mostrou o braço cortado: - ela tentou atingir o meu pescoço. Não sei como consegui me defender. – Falava entre soluços.
- Calma querida, sente-se e me conte tudo o que aconteceu.
Ela ajeitou-se no sofá.
- Eu e Joan estávamos na calçada do bar do Joe, íamos tomar uma soda. Quando nos aproximamos da entrada, uma moça de cor saiu, trombando conosco.
- Você sabe quem é essa moça de cor?
- Sei. Lembra que comentei com você que nós havíamos visto um grupo estranho na rodoviária?
- Sim lembro.
- Ela estava com eles.
- Ok, continue.
- Você sabe com nós somos. Sem esperar Joan pediu desculpas pelo encontrão. Ela não aceitou, mandando que ela enfiasse as desculpas, bem você sabe onde.
- Ela estava sóbria? Agitada? Enfim, você notou algo diferente nela?
Mary não perdeu a oportunidade.
- Agora que você falou, me veio na lembrança. Ela estava agitada sim, suas mãos tremiam e tinha os olhos muito abertos.
Ele olhou em direção a Spencer que fez um sinal de concordância com a cabeça.
- Fale sobre as agressões.
- Eu fiquei muito nervosa com as palavras que ela usou. Dirigi-me a ela, quase gaguejando, dizendo que isso não era uma maneira de se agir. Do nada ela começou a gritar.
- Você está falando comigo? Não é assim que se age? Então como é sua branca azeda?
- Foi aí que ela sacou o estilete – Mary parou, enxugando as lágrimas com a toalha ensanguentada.
- Eu não sei de onde veio o meu reflexo em erguer o braço para deter o golpe. Foi pura sorte pois ela poderia acertar o meu pescoço.
Colocou o rosto entre as mãos.
- E o que aconteceu com a sua irmã?
Mary se recompôs.
- Assim que ela me agrediu, se virou para atacar Joan. Foi nesse momento que o grupo deles veio para cima de nós. O mais alto puxou a moça para o lado. Eu estava apavorada.
- Você quer água?
- Não querido. Deixe-me continuar. Um deles me olhou, como se olhasse para um cachorro sarnento:
- Isto que aconteceu não sai daqui, entenderam? Nada de polícia.
- Mas ela foi atacada com um estilete.
- Foi quando Joan apontou para o meu braço que ela recebeu o murro no rosto jogando-a ao chão. Não satisfeitos deram-lhe vários chutes nas pernas.
Spencer bateu com força uma das mãos contra a outra.
- Eles pareciam foras de si. Antes de se retirarem, a outra mulher do grupo aproximou-se cuspindo. Suas palavras foram terríveis.
-“Se dependesse só de mim vocês teriam as entranhas arrombadas”.
O silêncio pesou na sala.
- Você sabe se alguém viu o ocorrido?
- Não sei Steve, mas foi tudo tão rápido. Eu só pensei em socorrer Joan, vir para casa e lhe ligar.
Ele afagou os cabelos da esposa. Levantou-se ajustando o cinto com o revolver.
- Pode deixar que daqui para frente é comigo. Vocês duas vão para o médico.
- No Hospital Geral?
Ele pensou por um segundo, respondendo:
- Não – Vão para a clínica do Dr. Clements. Diga que eu pedi para ele cuidar de vocês como um favor.
Virou-se para o auxiliar – Vamos Spencer.
Ele já definira o que fariam.
Guardou o carro da polícia no quintal de sua residência. Eles iriam no velho Station Wagon de Steve. Ele queria surpreendê-los quando os encontrassem.
Em uma parada rápida na delegacia chamaram Bates, um dos policiais, para acompanhá-los. Ele era um ex lutador de luta livre, primo de Spencer.
- Traga algumas algemas a mais – com explicações simples deixaram-no a par do assunto.
x – x
A loja de Sean era muito tradicional para o que eles procuravam, mas o brechó em frente fora um achado.
Eles encontraram vários itens como saias coloridas, echarpes, camisas estampadas entre outros. Travis comprara um par de botas com saltos carrapeta.
Porém de todos, Brad era o mais alegre com a sua aquisição. Um chapéu estilo cowboy com uma longa pena de águia espetada na aba.
A balconista deu um sorriso imenso quando recebeu de gorjeta cinquenta dólares.
Deixaram o local dirigindo-se a uma praça próxima. Sally queria mostrar ao grupo a ideia de uma nova música que surgira ao escolher uns óculos escuros com armação modelo gatinha.
x – x
Steve deixou o bar do Joe acompanhado de Spencer. Já tinha uma ideia de onde encontrá-los.
Rodando devagar os avistou na praça Kendall.
Estacionaram de forma a ficarem atrás do grupo. Em silêncio, armas em punho, aproximaram-se.
- Todos quietos – a expressão no rosto de Steve era assustadora.
O espanto foi geral. O silêncio se fez presente.
- São vocês que estão trabalhando com Paul no estúdio?
Passado o impacto inicial Sally respondeu:
- Sim somos nós. O que está acontecendo? Para que as armas?
- Isso não interessa, nos acompanhem.
- Para onde? Temos que voltar ao estúdio.
- No tempo devido vocês voltarão para lá. Agora vamos. Vocês têm que responder algumas perguntas.
Eles se amontoaram no carro, sempre sobre a mira dos revólveres.
Após alguns minutos nas ruas principais, tomaram um caminho por uma estrada secundária. Uma placa indicava: Olaria do Wes. Isso deixou os jovens preocupados.
- Para onde estamos indo – Sally estava nervoso. – Não acho que tenha uma delegacia nessa direção.
- Cale a boca – Spencer o golpeou com a arma na boca. O golpe lhe cortara os lábios, sagrando abundante.
Sully chorava desesperada. Nika ameaçou protestar.
- Quietos, todos, ou meto uma bala em um de vocês – ele apontou o revolver para o rosto de Travis.
Percorreram mais uns dois quilômetros parando de frente a olaria. Estava desativada.
Os cinco foram algemados. Bates os guiou até a sala principal da antiga fábrica de tijolos. Sentaram-se no chão.
Steve guardou a sua arma, pegando um pedaço de caibro que achara jogado.
- Bem, vamos tentar resolver isso rápido. Qual de vocês chamou a minha esposa de vaca?
Silêncio.
Será que vou ter que repetir? A vermelhidão no seu rosto sobressaia.
Dirigiu-se para Brad encostando o porrete no seu rosto. – Foi você?
- Fui eu – Travis mal conseguia falar. O medo os dominara por completo.
- Ah! Então foi o senhor que no alto de sua sabedoria resolveu alcunhar a minha querida Mary e minha cunhada Joan, de vacas?
Ele não respondeu.
- Não ouvi a resposta.
Travis tremia. Conseguiu murmurar: - Sim.
- Fale mais alto – acertou com o caibro no braço do rapaz.
Entre o choro e soluços de dor ele respondeu.
- Sim, fui eu.
Num movimento rápido Steve acertou-lhe o rosto com o porrete, quebrando alguns dentes e o nariz.
Nika não suportou o que vira. Atacando com o corpo desferiu uma testada na boca do xerife.
Sem medir as consequências ele ergueu os braços, descendo o caibro com toda força na cabeça de garota, partindo-lhe o crânio. A morte foi instantânea.
Travis ameaçou reagir, mas foi contido por um tiro no peito vindo do revolver de Bates.
Steve passou a mão pelo rosto espalhando mais o sangue que espirrara ao desferir a porretada.
Dirigiu-se ao amigo.
- Diga-me uma coisa, Bates.
- Sim xerife.
- Não é você que aprecia uma mulher bem cheinha?
Bates sorriu.
- Muito xerife, muito.
Steve apontou com o porrete para Sally – Ela é sua então.
- Não – ela gritou quando o brutamontes caminhou em sua direção.
- Tenha misericórdia. Eu estou grávida.
Ela virou-se para Sully que a olhou, incrédulo. – Sim meu amor. Vamos ter um bebê. Não lhe contei antes pois esperava uma oportunidade legal.
Steve se aproximou deles: - Que linda estória de amor a de vocês. Pena que seu bebê tão novinho já é órfão.
Sem dó atirou na cabeça de Sully.
Dirigiu-se a ela,
- Não foi você que disse para a minha esposa: “Se dependesse só de mim vocês teriam as entranhas arrombadas”. Leve-a daqui, Bates. E quando você voltar, não quero saber de ninguém junto.
Sally tentou resistir, mas um murro foi o suficiente para desacordá-la.
Ele arrastou-a para a dependência do forno.
- E você meu amigo do chapéu. O que faremos com você?
Brad não se mexia. O pavor era total.
- Fiquei sabendo que você é o tocador de violão. Isso é verdade?
Com esforço ele confirmou com um sinal de cabeça.
- Então temos um músico. Spencer – chamou
- Sim.
- Sei que você, sob minhas ordens, já fez muita coisa errada. Você confirma?
- Confirmo.
- Até aonde eu sei já matou mais de quinze pessoas, a maioria delinquentes como esses. Isso é certo?
- Dezoito para ser exato xerife.
- Uau! Uma dúzia e meia. Mas me fale. Nessas dezoito vítimas, tinha algum músico?
- Que eu saiba não.
- E o que você acha de colocar um na sua lista?
- É para já – sem aguardar o comando descarregou os seis tiros do seu revolver contra o peito de Brad.
Steve se aproximou do rapaz caído, pagando o chapéu: - Que coisa ridícula. Jogou-o longe.
Spencer recarregou a arma: - O que faremos com os corpos, o de sempre?
- Sim. Vamos levá-los ao ferro-velho do Phil. Lá ele dará um jeito neles junto com o carro. Vá chamar Bates. Temos de ir.
Ao chegar em casa, Steve contou em detalhes para Mary, o acontecido.
Ela serviu-lhe uma dose dupla de uísque. Sentou em seu colo o beijando demorado.
- Eles tiveram o que lhes era merecido.
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Para Paul o sumiço do grupo era muito mais que estranho. Após um mês de perguntas, pesquisas e um bom dinheiro gasto, ele chegara a uma conclusão.
Era mais que certo o envolvimento do xerife Steve.
Sem que ninguém soubesse, acionou um amigo de infância no FBI. Uma severa investigação sob sigilo foi efetuada com êxito total.
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As provas contundentes da investigação foram o chapéu com a pena de águia e os óculos gatinha, reconhecidos pela balconista do brechó. Os mesmos estavam em uma coletânea de pertences das vítimas, no ferro-velho de Phil.
Com a técnica certa e a experiência dos agentes do FBI ele confessou ter usado o esmagador de carros para sumir com os corpos num pacote de latarias e outros, a mando do xerife Steve.
O veredito do julgamento de Steve Allinson, Spencer Mader, Bates MacCorning e Phil Dukingan foi o esperado. Condenados a morte pelo assassinato dos cinco jovens: Sully, Sally, Travis, Nika e Brad.
x – x
O single gravado no estúdio foi um sucesso assombroso.
FIM