Escritora Manuela Marques Tchoe |
Perguntas
Ventos Nômades veio da ideia de construir histórias a
partir das minhas viagens e minha experiência de morar longe do Brasil. Eu moro
na Alemanha há bastante tempo e tive a oportunidade de viajar pelo mundo, então
é claro que passei por algumas situações nesses lugares, às vezes uma
dificuldade, às vezes algo engraçado, ocasionalmente batalhas e discussões
sobre diferenças culturais. Também tive relacionamentos com estrangeiros, então
passei por algumas situações mais exóticas... Como imigrante, sente-se na pele
a questão de não se sentir em casa em lugar nenhum, justamente esse sentimento
nômade. Com esse livro, eu quis mostrar essas sensações de viver longe, do
desejo de viajar, dos amores multiculturais, de descobertas. De auto
descobertas também. Quantas vezes numa viagem nos permitimos ver a vida com
outros olhos? Enfim, histórias que contam com diferentes culturas como pano de
fundo sempre foram minhas preferidas; então por que não criar algo nesse
estilo? Daí começou a ideia de escrever contos, cada um explorando um lugar ou
cultura diferente.
2- Teve algum personagem inspirado em alguém que você conhece?
Alguns personagens e histórias são baseados na vida
real – a minha própria ou de pessoas queridas. Por exemplo, Meia-noite na Fronteira, conta a
história de uma viajante que conhece uma turca numa viagem de ônibus entre a
Bulgária e a Turquia. Esse conto é baseado na experiência de uma viagem minha
com uma amiga. Quando chegamos na fronteira entre esses dois países, a polícia
búlgara não deixou minha amiga entrar no país porque ela não tinha um visto de
trânsito. Ela precisou retornar a Istambul no meio da noite. Foi um senhor
perrengue, mas foi uma boa história para Ventos Nômades.
3- Qual foi sua sensação de lançar o livro?
É indescritível! É uma sensação maravilhosa ver o
seu livro impresso e, principalmente, receber o feedback dos leitores, como
alguns se emocionaram ou se inspiraram com os contos. Independentemente do
gênero, o escritor sempre quer passar uma mensagem aos leitores, poder
inspirar. E isso não tem preço!
4- O que o livro busca mostrar ao leitor?
Ventos Nômades tem como tema explorar o mundo, viver num lugar diferente, sentir culturas
distintas. Eu exploro esse conflito entre a curiosidade de ver o novo, o
exótico, mas de eventualmente desejar voltar para casa, que é algo vivido por
mim nos últimos treze anos, desde que saí do Brasil. Cada conto tem a sua
própria forma de mostrar esse sentimento de constante mudança. Alguns contos
exploram o amor de pessoas de culturas diferentes e os conflitos que essas
diferenças geram. Outros falam sobre redescobertas pessoais, choque cultural e
por que agarrar a vida com todas as forças. O pano de fundo do livro são
lugares diversos, mas é a jornada humana de jogar-se no mundo que procuro
mostrar em Ventos Nômades.
Sim; planejo transformar o conto Tempestade de Areia em um romance. E
talvez fazer uma nova coletânea de contos no mesmo estilo. Acredito que o tema
de explorar o mundo e de autodescobertas dá muito pano para manga.
Tenho diversos personagens que gosto muito, mas
principalmente gosto da personagem de Quando
deixei me levar pelo abraço do mar. Esse conto fala de uma americana à
beira da morte que decide viver seus últimos dias viajando. Ela se apega à vida
de todas as formas possíveis. E acredito ser esse um aprendizado para todos
nós.
Sempre fui uma leitora voraz; estar entre livros
sempre fora uma paixão. Mas escrever trouxe a literatura como algo que faz
parte de mim, algo que me faz mais feliz. Hoje em dia, eu não consigo viver sem
a escrita.
Viajar,
entregar-se ao mundo sem grandes amarras, seguir um caminho e descobrir algo
inesperado é, eventualmente, transformar perdas em achados. É isso que eu
exploro em nesse livro de contos e que continuarei explorando nas minhas
próximas obras. Desejo a todos uma linda viagem nas páginas de Ventos Nômades!
Essa foi à entrevista com a escritora Manuela Marques Tchoe para o Blog Amor à Literatura e à Educação.
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