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sexta-feira, 25 de maio de 2012
Vaticano interroga 'mordomo do papa' por vazamentos, diz mídia italiana
O Vaticano anunciou nesta sexta-feira que prendeu um suspeito de vazar uma série de documentos confidenciais e cartas para a mídia. Informações de fontes não identificadas indicam que o suspeito, preso na quinta-feira, é o mordomo pessoal do papa Bento 16.
De acordo com o Vaticano, o preso está sendo questionado pelos magistrados do Vaticano. O escândalo que ficou conhecido como "Vatileaks" irritou a Santa Sé por reveler suposta corrupção, mau gerenciamento e conflitos internos.
No mês passado, o pontífice abriu uma comissão especial de cardeais para investigar os vazamentos. "O inquérito realizado pela polícia do Vaticano lhes permitiu identificar alguém em posse de documentos confidenciais", disse o porta-voz Federico Lombardi. "Essa pessoa está sendo questionada."
A mídia italiana identificou o homem preso como Paolo Gabriele, 42, mordomo pessoal e assistente do papa e um dos poucos seculares a ter acesso aos apartamentos privados do papa. Ele é membro da seleta "família do papa", grupo com permissão para entrar no quarto de estudo privado do pontífice. Além Gabriele estão nesse grupo os dois secretários do papa, os sacerdotes Georg Gänswein e Alfred Xuereb, e quatro freiras italianas da comunidade "Memores Domini", que cuidam do apartamento papal (residência oficial do papa).
De acordo com informações da mídia italiana, vários documentos confidenciais foram descobertos na casa na qual Gabriele vive com sua esposa e três filhos na Via de Porta Angelica, anexa ao Vaticano. Romano, o mordomo trabalha no apartamento papal desde 2006, após ter estado a serviço do prefeito da Casa Pontifícia, o arcebispo James Harvey.
A prisão de Gabriele, conhecido como "Il curvo" (o corvo), surpreendeu os ambientes vaticanos, e algumas fontes duvidam que ele seja o autor dos vazamentos, afirmando tratar-se de "um bode expiatório". Segundo uma fonte próxima ao papa, a prisão deixou o pontífice "doído e sentido".
A notícia sobre a prisão surge poucos dias depois de o presidente do banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, ter sido derrubado por sua comissão diretora. A razão oficial para sua saída foi seu fracasso em cumprir "as funções primárias de seu cargo", disse o Vaticano. Mas, de acordo com algumas informações, ele era suspeito de ter relação com o vazamento. Tedeschi afirmou ter sido punido por sua tentativa de tornar o banco mais aberto. "Paguei por minha transparência", disse à Reuters.
O escândalo do Vatileaks domina a cobertura jornalística da Itália nos jornais, programas de TV e revistas pelo fato de terem sido vazados documentos internos altamente sensíveis do Secretariado de Estado do Vaticano, incluindo cartas pessoais do papa Bento 16, o que causou um embaraço para o pontífice e motivou a rara investigação.
O escândalo começou quando uma rede de televisão italiana divulgou cartas enviadas pelo atual núncio nos Estados Unidos e ex-secretário-geral do governo da Cidade do Vaticano, Carlo Maria Vigano, a Bento 16, nas quais denunciava a "corrupção, prevaricação e má gestão" na administração vaticana.
Em uma dessas mensagens, Vigano denunciou também que os banqueiros que integram o chamado "Comitê de Finanças e Gestão" do governo e da Secretaria de Estado "se preocupam mais com seus interesses do que com os nossos" e que, em dezembro de 2009, em uma operação financeira, "queimaram (perderam) US$ 2,5 milhões".
Outros documentos se referem a memorandos criticando o cardeal Tarcisio Bertone, o número dois do papa, e o relato de pagamento suspeitos do Banco do Vaticano.
Após a divulgação desses documentos, o porta-voz Lombardi denunciou a existência de uma espécie de Wikileaks para desacreditar a Igreja. O porta-voz anunciou que a Santa Sé levará à Justiça os autores do vazamento de todos esses documentos reservados e cartas confidenciais ao papa Bento 16, cuja publicação qualificou como "ato criminoso".
*Com BBC, EFE e Ansa
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