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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Solau Do Desamado


Donzela, deixa tua aia,
Tem pena do meu penar.
Já das assomadas raia
O clarão dilucular,
E o meu olhar se desmaia
Transido de te buscar.
Sai desse ninho de alfaia,
- Céu puro de teu sonhar,
Veste o quimão de cambraia,
Mostra-te ao fulgor lunar.
Dá que uma só vez descaia
Do ermo baleão do solar
Como uma ardente azagaia
O teu fuzilante olhar.

Donzela, deixa tua aia,
Tem pena do meu penar.

Sou mancelo de alta laia:
Não trabalho e sei justar.
Relincham em minha baia
Hacanéias de invejar.
Tenho lacaio e lacaia.
Como um boi ao meu jantar!
Castelã donosa e gaia,
Acode ao meu suspirar
Antes que a luz se esvaia...
Tem pena do meu penar.

Vou-me ao golfo de Biscaia
Como um bastardo afogar.
Minh'alma blasfema e guaia,
Minh'alma que vais danar,
Dona Olaia, Dona Olaia!

-Meu alaúde de faia,
Soluça mais devagar...

Cometário : Este poema Solado do Desamado é uma cara que gosta de uma mulher e que ela não dar a minima para ele e ele implora para que ela pelo menos da um sinal que senti alguma coisa por ele .

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