Não namora quem cobra nem quem desconfia.
Namora, quem lê nos olhos e sente no coração
as vontades saborosas do outro.
Namora, quem se embeleza em estado de amor.
Namora, quem suspira, quem não sabe esperar mas espera,
quem se sacode de taquicardia e timidez diante da paixão.
Namora, quem ri por bobagem,
quem sente frios e calores nas horas menos recomendáveis .
Não namora quem ofende,
quem transforma a relação num inferno, ainda que por amor.
Amor às vezes entorta, sabia?
E quando acontece, o feito pra bom faz-se ruim.
Não namora quem só fala em si e deseja o parceiro
apenas para a glória do próprio eu.
Não namora quem busca a compreensão
para a sua parte ruim.
O invejoso não namora. Tampouco o violento!
Namorados que se prezam têm a sua música.
E não temem se derreter quando ela toca.
Ou, se o namoro acabou, nunca mais dela se esquecem.
Namorados que se prezam gostam de beijo, suspiro,
morderem o mesmo pastel, dividir a empada,
beber no mesmo copo.
Apreciam ternurinhas que matam de vergonha fora do namoro
ou lhes parecem ridículas nos outros.
Por falar em beijo, só namora quem beija de mil maneiras
e sabe cada pedaço e gostinho da boca amada.
Beijo de roçar, beijo fundo, inteirão, os molhados,
os de língua, beijo na testa, no seio, na penugem,
beijo livre como o pensamento,
beijo na hora certa e no lugar desejado.
Sem medo nem preconceito.
Beijo na face, na nuca e aquele especial atrás da orelha,
no lugar que só ele ou ela conhece.
Namora, quem começa a ver
muito mais no mesmo que sempre viu e jamais reparou.
Flores, árvores, a santidade, o perdão,
Deus tudo fica mais fácil
para quem de verdade sabe o que é namorar.
Por isso só namora
quem se descobre dono de um lindo amor.
Só namora quem não precisa explicar,
quem já começa a falar pelo fim,
quem consegue manifestar com clareza e facilidade
tudo o que fora do namoro é complicado.
Namora, quem diz: "Precisamos muito conversar";
e quem é capaz de perder tempo, muito tempo,
com a mais útil das inutilidades e pensar no ser amado,
degustar cada momento vivido
e recordar palavras, fotos e carícias
com uma vontade doida de estourar o tempo
e embebedar-se de flores astrais.
Namora, quem fala da infância e da fazenda das férias,
quem aguarda com aflição o telefone tocar
e dá um salto para atendê-lo antes mesmo do primeiro "trim".
Namora, quem namora, quem à toa chora, quem rememora,
quem comemora datas que o outro esqueceu.
Namora, quem é bom, quem gosta da vida, de nuvem,
de rio gelado e parque de diversões.
Namora, quem sonha, quem teima,
quem vive morrendo de amor
e quem morre vivendo de amar.
(Autoria: Artur da Távola)
Homem Carente