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sexta-feira, 25 de maio de 2012
Com dois anos de atraso, EAS conclui o João Cândido
Com cheiro de tinta fresca e quase dois anos de atraso, o petroleiro João Cândido será entregue hoje pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), de Pernambuco, em solenidade que contará com a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Apesar do clima festivo preparado, a entrega acontece sob um clima de desconfiança por parte da Transpetro, que tem outras 21 embarcações encomendadas e teme pela eficiência do estaleiro.
O presidente da estatal, Sérgio Machado, já cobrou publicamente a atração de novo sócio estratégico para o EAS, após a coreana Samsung deixar o corpo societário do estaleiro, em março. O principal temor da Transpetro é de que os próximos navios continuem saindo a conta gotas. "Demoraram quatro anos para fazer um, mas não podem levar quase um século para entregarem os 22", disse uma pessoa a par da situação.
Informações de bastidores dão conta de que os sócios do EAS - Camargo Corrêa e Queiroz Galvão - estariam negociando com estaleiros asiáticos, porém sem grandes avanços. Questionado sobre as cobranças feitas pela Transpetro, o Atlântico Sul informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se manifestar.
Com a entrega do João Cândido, o desafio agora é terminar o Zumbi dos Palmares, petroleiro que está em fase de edificações. A previsão é de que seja entregue em dezembro deste ano, quase três anos e meio após o início de sua montagem, em agosto de 2009. Na avaliação da Transpetro, o EAS tem estrutura suficiente para montar pelos menos quatro navios por ano.
Instalado em 2007, o Atlântico Sul passou por problemas relacionados à mão de obra. A inexperiência dos trabalhadores contratados resultou em problemas sérios na soldagem do João Cândido, que tinha prazo original de entrega para agosto de 2010, mas teve que ser totalmente remodelado. Somente com esta embarcação, os sócios do estaleiro tiveram prejuízo de cerca de R$ 170 milhões, segundo a assessoria de imprensa do EAS. Em 2011, a empresa amargou uma perda de R$ 1,47 bilhão.
A principal justificativa é de que os contratempos do primeiro navio fazem parte da curva de aprendizagem de um setor que renasce no país, e que as próximas embarcações tendem a sair com maior rapidez. "A sequência de fabricação e de testes será importante para a otimização", afirmou o diretor de Comissionamento do EAS, Paulo Sergio Cardoso.
Ao fim da montagem, o navio ficou com índice de nacionalização de 70%, superior ao mínimo exigido (65%), mas inferior ao petroleiro Celso Furtado, entregue em dezembro pelo estaleiro Mauá, do Rio de Janeiro, que marcou 74%. Segundo Cardoso, o teste de mar realizado com o navio apresentou um resultado muito bom. "Ele foi totalmente testado em seus equipamentos e sistemas e está pronto para operar", garantiu.
Com 25 tripulantes, a embarcação, de 274 metros de comprimento e capacidade para 1 milhão de barris de óleo, inicia ainda hoje a sua primeira viagem. Após a solenidade, o petroleiro parte para a Bacia de Campos (RJ), onde será carregado na plataforma P-38. Depois, segue para o terminal da Transpetro em São Sebastião (SP), de onde o óleo será distribuído para as refinarias paulistas.
Fonte: Valor Econômico
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