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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Candidato símbolo da era Mubarak, Shafiq chega ao 2º turno



Último chefe de governo de Hosni Mubarak, Ahmad Shafiq, que enfrentará o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi, no segundo turno da eleição presidencial, é um produto do sistema político-militar egípcio.

Shafiq, de 70 anos de idade, foi nomeado líder do governo nos últimos dias de poder do antigo ''rais'' para tentar acalmar a revolta popular que acabou forçando a demissão do chefe de Estado, dia 11 de fevereiro de 2011.

Ex-chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Shafiq considera que seu passado militar será uma vantagem neste período de transição, mas esse pode ser justamente seu maior problema entre os eleitores, que querem uma separação nítida entre a chefia de Estado e do Exército.

A quem o acusa de ser uma relíquia do regime deposto, Shafiq responde que foi apenas "uma das pessoas nomeadas para um posto vital" e que foi mais útil para o país trabalhando dentro do sistema do que renunciando a cargos de confiança.

Shafiq fez da segurança e da luta contra o crime seu cavalo de batalha. Se for eleito, disse que está disposto a nomear um vice-presidente islamita.

Ele esteve a ponto de ser desqualificado depois da adoção de uma lei que proibia aos altos funcionários da era Mubarak de se candidatar para as eleições presidenciais, antes de ser restabelecido in extremis.

Nas últimas semanas, acelerou sua campanha e enormes retratos seus, ligeiramente sorridente, de terno e óculos finos, podiam ser vistos no alto de muitos edifícios do Cairo e no país inteiro.

Com fama de bom técnico, Shafiq é criticado por sua proximidade com antigo regime e por ter mantido em seu gabinete muitos ministros de Mubarak, tendo, por isso, que renunciar quase um mês depois para a satisfação dos movimentos de jovens que iniciaram a revolta.

Ex-piloto como Mubarak, Shafiq se formou na Academia de Aviação Militar. Sua equipe de campanha destacou que derrubou dois aviões israelenses em uma das guerras contra o estado hebraico.

Ex-ministro de Aviação Civil, ele trocou o uniforme pelo terno civil e se vangloria de ter modernizado a companhia nacional Egyptair e o aeroporto internacional do Cairo.

Em um país onde todos os presidentes vêm do Exército desde a queda da monarquia em 1952, o general Shafiq se mostra "orgulhoso e honrado" de ser "um filho das Forças Armadas" e considera que seu passado militar lhe dará uma relação "fluida" com o exército, o que é uma garantia em tempos de transição.

Pai de três filhas, Shafiq ficou viúvo mês passado e, segundo analistas, este drama pessoal pode ter atraído a simpatia das mulheres.

Sua popularidade também se beneficiou dos choques sangrentos, pois a segurança e a luta contra o crime são o eixo central de sua campanha.

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