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quinta-feira, 22 de março de 2012
ESTREIA-Wim Wenders inova com 3D no documentário "Pina"
SÃO PAULO, 22 Mar (Reuters) - Lançado no Festival de Berlim de 2011, o documentário "Pina", do premiado diretor alemão Wim Wenders, mostrou na prática como o 3D pode ser um recurso excepcional também para filmes de arte.
No caso, foi a ferramenta ideal para dar uma textura original na tela às coreografias da alemã Pina Bausch (1940-2009), um dos maiores nomes da dança contemporânea. O filme foi indicado ao Oscar de documentário em 2012.
A ousadia de demarcar este novo território para o 3D, habitualmente pensado apenas para aventuras e filmes de ação, também enfrentou seus obstáculos e não foram propriamente técnicos. O maior deles foi a morte repentina da coreógrafa, de câncer, em junho de 2009, dois dias antes do início das filmagens.
A tragédia interrompeu momentaneamente o projeto, que fora idealizado justamente sobre a presença de Pina à frente de todo o processo. Originalmente, o filme acompanharia não só os ensaios e montagens de seus trabalhos, mas também uma excursão de sua companhia, a Tanztheater Wuppertal, ao exterior, incluindo o Brasil, e que acabou acontecendo em 2011, já sem sua mentora.
Por insistência dos parentes de Pina e dos próprios bailarinos da trupe que ela dirigiu por mais de 30 anos, na cidade de Wuppertal, o filme ressuscitou sob novo conceito.
Na versão que vingou na tela, reconstituem-se algumas de suas coreografias mais impactantes, não só no cenário habitual do teatro, mas em locações externas, na rua, num parque, numa piscina, num galpão envidraçado e, uma das mais originais, a bordo de um monotrilho.
Dispensando informações biográficas, "Pina" registra fragmentos de coreografias como "A Sagração da Primavera", sob música de Igor Stravinsky, num palco coberto de terra, onde interagem uma trupe toda masculina, outra toda feminina.
Também, "Café Mueller", com música de Henry Purcell, e conduzida por bailarinos de olhos fechados, num cenário abarrotado de cadeiras; "Kontakhof", justapondo sua execução por bailarinos de diversas idades; e "Vollmond", que se desenvolve em torno de uma queda d'água no palco, com bailarinos brincando alegremente molhados; e até um divertido solo em cima da canção "O Leãozinho", de Caetano Veloso.
Cineasta premiado com o troféu de melhor direção em Cannes 1987 por seu drama poético "Asas do Desejo", ultimamente Wenders vem refinando seu talento em documentários, caso dos musicais "Buena Vista Social Club" (99) e "A Alma de um Homem" (2003).
Mais uma vez, é o que faz aqui, ao encontrar cenários inusitados para as criações de Pina, que introduzia terra, água e outros elementos inesperados no ambiente normalmente asséptico do palco.
Mostra-se também um acerto não realizar entrevistas. Alguns bailarinos falam espontaneamente de seu relacionamento com Pina -inclusive a brasileira Regina Advento, na companhia desde 1993 (há outra brasileira no grupo, Ruth Amarante). Outros preferem simplesmente ficar em silêncio, olhando a câmera. Seus sentimentos estão na dança criada por Pina, que fala por si.
O filme circula em versões 3D e 2D.
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